A ética meia boca do deputado federal mais bem votado do Brasil

José Reguffe (PDT) é hoje o rei da cocada preta. Ele foi o deputado federal mais bem votado do Brasil (proporcionalmente), ao receber mais de 266 mil votos do DF, ou seja, 18,95% dos votos válidos. O deputado que mais se aproximou dele foi o tucano Márcio Bittar, que obteve 15,27% dos votos acreanos.

Para ser o mais votado, Reguffe utilizou motes de campanha como a ética e a moralidade. E teve prato cheio. Os escândalos com pagamento de propina a deputados distritais, no governo Arruda, ajudaram muito o deputado mais bem votado do Brasil. A redução de gastos no seu gabinete foi outro mote de campanha bem sucedido.

Reguffe criticou, bateu e venceu com a intransigência ética e a sublime honestidade. E o pau que deu em Chico, não golpeou Francisco.

Ninguém nunca ouviu Reguffe fazer críticas ao nepotismo. Também, pudera. Ele foi nomeado por Agaciel Maia em um dos melhores cargos comissionados do Senado (Assessor Técnico) para trabalhar na Liderança do PSDB, período em que o seu tio, senador tucano Sérgio Machado, tinha mandato. Ver ato 422/1999 (pág. 9) 

Reguffe também nunca criticou os gastos exorbitantes da Câmara Distrital com publicidade. E não foi à toa. Era um beneficiário. O seu programa “Idéias com Reguffe” recebia patrocínio da Câmara. Ver denúncia.

Não só isso. Reguffe teria sido orientado por Ronaldo Junqueira, dono do jornal brasiliense “Comunidade”, e que teria ajudado na sua campanha, a não fazer críticas a publicidade do governo. Num diálogo com o ex-deputado Pedro Passos, Junqueira pede a Reguffe para sair do plenário caso a assunto entrasse em pauta. Ver conversa.

Quando a bomba da Caixa de Pandora estourou na Câmara Distrital, ninguém viu Reguffe criticar imediatamente a bandalheira. Ele estaria na Europa. Outra façanha do deputado é uma casa no valor de R$ 1,5 milhão no Lago Sul, um dos bairros mais chiques de Brasília.