Conto da semana

Tragicomédia dos dias

Como nunca trazia a vida, apenas a deixava trazer por si só, na irremediável comédia trágica dos dias...

Resumo assim essa que é minha e de mais ninguém como: “minha vida”. A superfície dela me pertence, verdadeiramente me pertence e sou eu! Sou eu que nunca falo bom dia ao acordar. Sou eu que me banho para ir trabalhar e corro como louco para não me atrasar. Sou eu que não desisto. Sou eu que falo pra me acalmar quando estou ansioso e sou eu que desejo gritaaar quando estou nervoso. Sou eu que de tanto rir, choro; e riu para não chorar. Sou eu que quase sempre não tenho os direitos respeitados e ainda pior, chego a ser humilhado.

Sou tudo isso e muito mais! E muito, muito mais do que tudo isso não sei quem sou. Sou superficial sim, igual a todo mundo. Sou superficial por não entender o imprevisível. Sou superficial por necessidade de simplificação. Mas tudo que é superficial é breve e simples, sem complicações. Contudo, o que tento explicar-lhe é de estrema complexidade, mas não incompreensível; e é bem certo que o leitor sagaz entende o que digo, bem certo.

Muito longe de ser eu rompo a realidade, quebro a pluralidade e ultrapasso os limites de um olhar distante.

Agosto de 2002

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