Conto da semana


A FESTA

Uma história de violência, sexo, drogas e rock and roll

Ontem fui numa festa muito doida. Arnaldo, o boca, era dono da casa e comandava a festança. Mulheres das mais belas, venenos à deriva, cervejas, pingas, vinhos a escolha e tudo mais. Os caras que fazem os ganhos patrocinaram as biritas, enquanto o Arnaldo arrumou as gatas, que trouxeram os aperitivos.

Chico com a Nação tocando na vitrola mandou braza até o fim do CD. Tinha muita gente na empolgação. Percebia-se pelos cigarros cortando a própria fumaça no ar e cada qual numa dança individual. No ápice da festa, algumas meninas tiraram a parte de cima da roupa e ficaram dançando com os seios a mostra. Enquanto os caras gritavam, o volume do som foi aumentado. A parte da casa onde a concentração de pessoas era maior parecia uma sauna devido aos excessos de tragadas. A pouca incidência de luz também caracterizava o ambiente vaporizado.
 
A festa foi esquentado, esquentando... até que quase todas as meninas ficaram nuas. Aí meu chapa, foi sexo pra todo lado. Transa aqui, fóda ali, uma doidera só. Nunca tinha visto tanta sacanagem junta. Um dos caras forçou a barra com uma das garotas até conseguir fazer o sexo proibido com ela. A menina com cara de ninfa parecia nunca ter dado o cu. Ela estava tão lombrada que só sentia tesão.

Às 3h30 da madruga, já tinha muita gente chapada. Algumas deitadas sobre o tapete, uns debruçados nas mesas e outros vitoriosos ainda se sacudindo ao som de música eletrônica. Uma gostosa de pele bronzeada e olhar fulgurante dançava com um vestido tão justo que dava pra perceber o quanto o seu corpo era insinuante. Seus braços jogados ao céu, em movimentos circulares, aderiam ao quadril que rebolava numa lentidão fascinante. Muito erótica. Aquela menina só podia estar delirando. Criei coragem, levantei e comecei a dançar. Aproximei-me até ficar frente a frente com ela, que lançou um olhar em minha direção, repousando sobre mim seus lindos olhos negros. Sorriu um riso sem-vergonha como querendo dizer, coma-me, foda-me toda. O seu olhar era pura sacanagem. A boca entre-aberta pedia pra ser beijada e foi o que fiz. Ficamos por alguns minutos ali na sala trocando amassos, até que nossos corpos sucumbiram ao desejo de transar.


Fomos pra um canto escuro da casa e dali entramos em um quarto qualquer. Apressados, tiramos a roupa um do outro e quando já nus, pensei: vou fazer com essa menina o que nunca fiz com nenhuma outra. Na verdade, esse pensamento fluiu de um ditado que diz “uma mulher quando é bem comida, não esquece a transa nunca mais”.

O quarto em que entramos era o quarto do Arnaldo. Lá continha muito pó, armas e munição. Quando a Rose descobriu a cocaína, começou a dar muitos técos. Minha nossa, foram vários. A menina ficou numa paranóia tão grande que deixou a porra cair em vários cantos do quarto. Ela pedia e insistia para que eu cheirasse também, dizendo que era pra relaxar. Impossível! Eu só queria obter o êxtase. Ela cheirava, fodia, cheirava, fodia... até não agüentar mais. Tive tanto prazer que nas ejaculações finais não conseguia mais nem expelir o líquido protéico. A Rose não agüentava nem ficar de pé, resmungava algumas coisas sem sentido e ria, ria... Vesti a mim e ela. Quis levá-la comigo mas ela não parava em pé. Então vazei do quarto. Ainda tinha uma galera dançando música eletrônica. Peguei uma cerva e me juntei às risadas espontâneas. De repente, todos ouviram gritos:

- Cadela, vagabunda ordinária. O que foi que você fez, sua puta escrota. Era o Arnaldo que entrara no quarto e encontrara Rose deitada com parte do corpo sobre a cama e a outra sobre o chão. O pó espalhado por todo o quarto alucinou o cara. Após os berros, cessaram-se os falatórios e as risadas. Também abaixaram o volume do som. No meio de um silêncio quase emaranhado e algumas vozes sussurradas, três estalos secos de pólvora partiram do quarto.

Pou. Pou. Pou. Algumas pessoas na sala expressaram em suas faces uma espécie de pânico e dúvida, outras riam como se os tiros fossem uma comemoração a parte. Em seguida, Arnaldo aparece com a pistola ainda fumaçada em punho e grita novamente:

- Por que pararam a festa? Rola o som, porra! E agora vamos brindar nessa merda!


Julho de 2002

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